Confira as fotos da expedição Rikbaktsa

Os indígenas constantemente percorrem seus territórios, com o objetivo de coletar frutas, recursos para o artesanato, pescar, caçar e, em muitos casos, verificar se há invasões em suas terras. Madeireiros, caçadores, pescadores costumam entrar nestes territórios para explorá-los.

As fotos a seguir são da expedição dos Rikbaktsa pela terra indígena Japuíra, no noroeste de Mato Grosso. A atividade ocorreu entre os dias 12 e 14 de dezembro de 2018 e buscou levantar informações do território, a serem inseridas no Plano de Gestão Ambiental e Territorial das terras Erikpatsa e Japuíra, atualmente em fase de elaboração.

A expedição partiu da Aldeia Pé de Mutum, com o objetivo de percorrer dois rios: Juruena e Arinos. Ambos banham uma das três Terras Indígenas do povo Rikbaktsa: a Japuíra.

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Foto: Lívia Alcântara/OPAN

Ao todo foram seis voadeiras (barcos), com quatro pessoas em cada um deles. Uma expedição semelhante já ocorreu na T.I Erikpatsa.

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Foto: Lívia Alcântara/OPAN

Abaixo Chico (Francisco Pykzy Rikbakta), um dos barqueiros experientes. Em muitos pontos é necessário usar o remo devido a pouca profundidade dos rios.

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Foto: Lívia Alcântara/OPAN

O ritmo da viagem é lento e divertido. Para-se para comer, contar histórias e marcar pontos no GPS, como locais de caça, pesca, acessos a castanhais, buritizais e patuazais.

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Foto: Lívia Alcântara/OPAN

Costuma-se levar para as “viagens” peixe moqueado e farofa de carne.

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Foto: Lívia Alcântara/OPAN

É necessário garantir o combustível para as voadeiras para todos os dias de viagem.

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Foto: Lívia Alcântara/OPAN

Se a cem anos atrás o território indígena era livre para eles irem e virem sem restrições, hoje ele está cercado por fazendas e cidades.

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Foto: Lívia Alcântara/OPAN

Na margem contrária a T.I. Japuíra, encontramos vestígios de um acampamento.

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Foto: Lívia Alcântara/OPAN

Os restos de roupas, barracas e lixos, segundo os Rikbaktsa, provavelmente pertencem a pescadores.

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Foto: Lívia Alcântara/OPAN

Em um dos portos da margem do rio Juruena, acessada por não indígenas, o solo estava marcado por trilhas de motocross.

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Foto: Lívia Alcântara/OPAN

Em alguns casos, as interferências são menos invisíveis, mas de maior impacto, como é o caso do uso de agrotóxicos nas lavouras do entorno das terras indígenas. A sub-bacia do Juruena recebe muitos litros de agrotóxicos das lavouras de algodão e soja.

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Foto: Lívia Alcântara/OPAN

As paradas também servem para contar histórias da região. Alguns córregos dão acesso a antigas malocas (casas) e castanhais. Também passamos pela Ilha da Conquista, lugar onde ficaram acampados os Rikbaktsa na retomada da Japuíra, em 1985.

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Foto: Lívia Alcântara/OPAN

Os Rikbaktsa conhecem cada palmo das suas terras. Apontam as ilhas ideais para coletar patuá, buriti, ponto de pesca de trairão e de tracajá. Visitamos também as ilhas das minhocas para a pesca.

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Foto: Lívia Alcântara/OPAN

Abaixo, Joel mostra o tamanho gigante das minhocas.

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Foto: Lívia Alcântara/OPAN

Crianças pescam desde bem pequenas. E essa é uma atividade que as mulheres também adoram.

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Foto: Lívia Alcântara/OPAN

Em uma das aldeias que passamos vê-se uma casa de secagem de castanha-do-Brasil, um dos principais produtos coletados pelos Rikbaktsa e responsável pela geração de renda para este povo, sem causar danos ambientais à floresta. 

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Foto: Lívia Alcântara/OPAN

Os Rikbaktsa fazem parte do Projeto Pacto das Águas, que trabalha junto a coletores de castanha aprimorando as boas práticas de tratamento do produto.

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Foto: Lívia Alcântara/OPAN

Por conta do período chuvoso, o acampamento foi montado na Aldeia Castanhal, desde onde saímos para percorrer o território e retornávamos para dormir.

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Foto: Lívia Alcântara/OPAN

A alimentação dos Rikbaktsa é extremamente variada. Ela provém da pesca, caça, coleta e das roças. A caça é uma atividade masculina e realizada junto com um amigo. Exige aprender “escutar”, “enxergar” a floresta” e “falar com os animais”. Os Rikbaktsa são capazes de imitar diferentes animais e assistir essa interação é presenciar um verdadeiro diálogo.

Come-se quase todos animais, exceto o jacaré, o tamanduá-bandeira, uma ave chamada “ciganinha”, cobras, onças e os macacos da noite (de pelo branco).**

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Foto: Lívia Alcântara/OPAN

Come-se também frutas (patuá, banana, buriti, dentre outras) e chica, uma espécie de batida de frutas adoçada. As roças dão mandioca, milho fofo e várias frutas.

A pesca é farta, embora tenha diminuído nos últimos anos. Na foto abaixo o peixe é moqueado, ou seja, assado com a fumaça da lenha. Com essa técnica, o peixe cozinha por dentro e sua pele e escamas ficam  mais duras, protegendo e ajudando a conservar o alimento.

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Os rios servem para banho, lavar roupa e vasilhas. As terras Rikbaktsa estão cercadas por rios.

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Foto: Lívia Alcântara/OPAN

Abaixo os participantes desta segunda expedição, que facilita a execução do Plano de Gestão Territorial e Ambiental Rikbaktsa.

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Foto: Lívia Alcântara/OPAN

Hora de arrumar as bagagens e retornar para suas casas.

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Foto: Lívia Alcântara/OPAN

Abaixo Tarcísio e Pudai.

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Foto: Lívia Alcântara/OPAN

Outras quatro expedições ocorrerão com apoio do projeto Berço das Águas e pretendem explorar outros territórios Rikbaktsa.

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Foto: Lívia Alcântara/OPAN

Texto e fotos: Lívia Alcântara/OPAN

*Obrigada a Pablo Albarenga pela edição das imagens.

** Para detalhes da alimentação Rikbaktsa ver o livro Os Rikbaktsa do Rio Juruena, de Rinaldo Arruda.

Dafne Spolti