Na cerimônia de abertura, um debate marcou o início do III Festival Juruena Vivo. Experiências de resistência em Belo Monte e no Tapajós inspiram luta no Mato Grosso.
Na noite desta quinta-feira (27), a abertura do III Festival Juruena Vivo deu conta de mostrar a diversidade cultural presente na cidade de Juara (MT) para o evento. O tema da mesa era provocativo: rios e redes. O objetivo proposto para o debate foi a construção de alianças em defesa da vida, do rio e dos povos da Amazônia.
A co-fundadora da Rede Juruena Vivo e membro da OPAN (Operação Amazônia Nativa), Andrea Jakubasko, saudou cada um dos povos indígenas presentes: Manoki, Nambikwara, Myky, Rikbatsa, Munduruku, Apiaká-Kayabi.
Na mesa, Daniela Silva, moradora de Altamira (PA), do movimento Xingu Para Sempre, relatou a experiência de resistência contra os impactos do complexo hidrelétrico de Belo Monte.
“É preciso denunciar o que aconteceu em Altamira: um crime legitimado pelo Estado brasileiro, um crime que viola os direitos de populações indígenas e ribeirinhas. Volta todos os direitos humanos”, contou.
Após ler uma poesia chamada “Carta de Mariana à Amazônia”, ela disse: “Os projetos vêm para destruir a vida das populações. São predatórios e desconsideram o modo de vida dos povos do rio”.
Outro convidado que dividiu as experiências de defesa e proteção da água no Pará foi Edilberto Sena, morador de Santarém e integrante do Movimento Tapajós Vivo: “Viajamos em 28 pessoas por mais de 20 horas para nos unir com vocês”.
“Eu gostaria de insistir aos moradores de Juara, aos parentes indígenas, às comunidades, que estreitemos o companheirismo na defesa do nosso território, dos nossos rios. Contem conosco”, afirmou.
“Estamos vivendo uma guerra no Brasil. Literalmente, é a guerra do capital contra os seres humanos. Uma guerra contra os povos do Brasil. Os sinais de guerra estão aparecendo cada vez mais”, concluiu Edilberto.
Lisanil Patrocínio, professora da UNEMAT (Universidade Estadual de Mato Grosso), citou o pensador Boaventura Sousa Santos para dizer que as juventudes e as mulheres serão protagonistas da luta ambiental.
O diretor do campus da UNEMAT em Juara, Gildete Evangelista, disse ser uma honra para a cidade a presença de tantos povos diferentes e colocou as instalações da universidade a serviço do encontro.
Depois do debate, indígenas Kayabi realizaram uma apresentação de dança tradicional de sua etnia e encerraram o primeiro dia do III Festival Juruena Vivo.
Após Cotriguaçu em 2014 e Juína em 2015, é a vez de Juara sentir a energia de resistência e cultura em defesa da Amazônia: e foi apenas o primeiro dia de Festival.
Fonte: Revista VaiDáPé
Por Paulo Motoryn / Fotos de João Miranda