População se posiciona contra hidrelétricas em Barra do Bugres

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Cerca de 80 pessoas, entre pescadores, trabalhadores rurais e estudantes, conseguiriam cancelar, nesta terça-feira (17) a realização da audiência pública marcada para discutir o Estudo de Impacto Ambiental da implantação de três Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) no rio Juba, em Barra do Bugres. Os manifestantes que ocuparam o local reivindicam ações mais concretas com relação aos impactos socioambientais oriundos das obras, principalmente a inundação do Assentamento Antônio Conselheiro, localizado entre os municípios de Barra do Bugres e Tangará da Serra. A audiência foi remarcada para daqui 35 dias.

O Ministério Público Estadual (MPE) está acompanhando a questão e a expectativa é de que o órgão possa tomar alguma providência com relação aos impactos sinérgicos da implantação das PCHs.  O Plano de Bacia do Alto Paraguai está em elaboração então seria correto esperar a conclusão deste documento para podermos avaliar se a Bacia suporta mais empreendimentos como este.

Segundo os manifestantes, a construção dessas obras no rio Juba causará enormes prejuízos, pois já existem outros quatro empreendimentos hidrelétricos (duas grandes usinas e duas PCHs), que barram as águas, secam o rio e impedem os peixes de realizarem a piracema. “O que se questiona é sobre quais são os benefícios que essas hidrelétricas vão trazer para os trabalhadores”, disse um dos manifestantes.

Ao todo, são 11 hidrelétricas previstas para o rio Juba, quatro já em operação. E mais 16 no rio Sepotuba (uma em operação), num total de 27 barramentos. Onde há hidrelétricas o pulso de cheias e secas dos rios se altera, não segue mais a dinâmica natural, subindo e descendo suas águas muitas vezes em num mesmo dia. Não se pode navegar mais e os peixes não conseguem migrar para a reprodução.

O Pantanal, maior planície alagável do mundo, está ameaçado por um total de 162 projetos de barragens para geração de energia hidrelétrica, previstas para a Bacia do Alto Paraguai (BAP), sendo que 44 já estão em operação e representam 56% do potencial hidrelétrico de toda a bacia.

Rede Pantanal de ONGs e Movimentos Sociais 17/11/2015

Rede Juruena Vivo Somos uma rede composta por indígenas, agricultores familiares, pesquisadores, entidades da sociedade civil, movimentos sociais urbanos e rurais, entre outros que atuam na bacia do rio Juruena (MT).