Salto Augusto

O Salto Augusto fica na Terra Indígena Apiaká do Pontal e Isolados e, além de uma exuberância natural, é um lugar importante os indígenas das etnias Apiaká, Rikbaktsa e Kawahiwa. Junto com outros pontos da bacia do Juruena, ele está ameaçado pela construção de hidrelétricas, história que pode ser conferida no livro Paisagens Ancestrais do Juruena.

Abaixo um fragmento do livro sobre o Salto Augusto:

No Baixo Juruena, abundam as samaumeiras e castanheiras. Lá é terra de mata alta, onde a floresta amazônica enfeita as margens do rio. Nessa região, morada dos povos Apiaká, Rikbaktsa e Kawahiwa, o destaque fica por conta das perigosas e encantadoras cachoeiras, que se impõem como um obstáculo instransponível aos navegantes. O Salto Augusto é um desses saltos, sendo o primeiro de uma sequência de quedas d’água que definem a fronteira final do Juruena. 

O Salto Augusto se consolida como marco demarcatório de fronteiras multiétnicas e alteridades. Local ocupado por grupos indígenas falantes de línguas Macro-Jê e Tupi-Guarani, nesta região o fundo das águas do Juruena constitui, para os povos indígenas que ali residem, também a morada de inúmeros seres intangíveis, os quais que lhes trouxeram, no passado, importantes conhecimentos, e que lhes proporcionam, no presente, proteção e segurança. 

Para os Apiaká, residentes na margem direita do Juruena, o Salto Augusto consiste num local de transformação social, sendo a área de realização dos ritos de passagem para a vida adulta e de ritos de purificação dos guerreiros, após batalhas travadas com outros grupos indígenas da região. 

Por sua vez, os Rikbaktsa concebem o Baixo Juruena como rota da sua diáspora, em tempos antigos, até que estes se estabelecessem definitivamente em seu território ancestral. 

A região era ainda morada de grupos Kawahiwa, cuja área de ocupação tradicional se estendia desde a margem esquerda do Juruena até o rio Madeira, passando pelo Vale do Aripuanã. Apesar de bastante mencionados na documentação histórica dos séculos XVIII e XIX, os Kawahiwa desapareceram das informações oficiais, tendo sido supostamente expulsos da região por outros grupos indígenas que ali habitavam. 

Nos tempos atuais, fortes indícios apontam a presença de grupos isolados nesta área, os quais podem estar ligados aos povos Apiaká, Kawahiwa e Rikbaktsa.   

Paisagens Ancestrais do Juruena. Juliana de Almeida. Operação Amazônia Nativa, 2019, p.108-110.